VEJAM BEM

sábado, 29 de dezembro de 2007

10-12-2007
Este fim-de-semana foi especial. Fui a Lisboa propositadamente para participar no Jantar de Natal dos Escuteiros Adultos da Região de Lisboa, à qual pertenço. Dois acontecimentos muito importantes no mesmo dia, no parque das Nações, uma cimeira com ditadores e horrorosos políticos que para além de terem sido autores de factos horrendos, são tratados com pompa e circunstância pelo governo português. E um encontro de Escuteiros Adultos que decidiram mudar a tradição da troca de presentes, por uma oferta à Paroquia de Santana em S. Tomé e Príncipe. Procurei a Escola Vasco da Gama, por entre polícias e trânsito cortado, activistas, ambientalistas e curiosos.
Encontrado o local da confraternização, foi-nos explicada a razão das prendas para Santana. A Paróquia do Senhor dos Navegantes, no Parque das Nações, tem geminação com a paróquia daquele minúsculo país, onde tudo funciona melhor através da Igreja Católica que pelas vias normais. Mesmo a propósito! Os líderes africanos discutem petróleos e mísseis enquanto as crianças não têm cadernos, lápis, esferográficas e o que é de mais importante: cuidados de saúde! Com uma pequena quantia em dinheiro pagamos a educação de uma criança de S. Tomé e Príncipe, os materiais escolares que enviámos através da Paróquia do Senhor dos Navegantes irão fazer a alegria de muitas crianças que na escola de Santana são ensinados pela Irmã Rosa Maria e outros missionários que abnegadamente se entregam a esse povo infeliz.
Não perdi absolutamente nada, muito pelo contrário! Dei cadernos que não tinha usado e que esperavam oportunidade para serem usados, lápis que ainda por afiar estavam no meu depósito pessoal de material escolar, lápis de cera e marcadores que uso nas minhas experiências de expressão plástica. Dei o custo das viagens e da participação no jantar, dei às crianças e emprestei a Deus. Automaticamente Ele depositou o valor a dobrar no meu coração. Pagou em amor.
Andei cerca de 400 km para participar na alegria dos meus Irmãos Escuteiros Marítimos e ser útil neste mundo em que quem ajuda continua anónimo e quem mata tem honras de estado. Repensei a minha posição em relação à política e cada vez me convenço mais que por muito que tenham lutado pela libertação do país, quando atingem o poleiro, estes galos de Barcelos, se tornam as pessoas mais desprezíveis que conheço à face do nosso planeta. Se não me identificava com política de forma alguma, nem de esquerda, nem centro, nem direita, desta vez, prometi a mim mesmo que com o meu voto, nenhum político irá gastar o erário público fechando hospitais e abrindo cargos de alta remuneração para os compadres. Estas cortesias que os nossos pobres portuguesinhos fazem aos chefes de estado de países ditos potências mundiais em vários aspectos, dão-me tristeza. Podia ser mais compassivo com as pessoas que gerem o nosso país, mas também eu tive possibilidade de estar na política e não alinhei por me sentir honesto demais para me imiscuir com gente oportunista e mentirosa.
Quando frequentava o 8º ano de escolaridade seguia as convicções políticas dos meus pais, mas já analisava a política pelos factos históricos e por isso mantinha as minhas reservas. Os elementos da Associação de Estudantes da Escola Secundária Rocha Peixoto, eram da facção política da qual eu era simpatizante, porém, embora ainda adolescentes, já actuavam com indicações superiores e de forma pouco democrática para com os restantes alunos. Não gostei e liderei um movimento que criou uma lista desinteressada politicamente e independente de partidos políticos. Escusado será dizer que obtivemos apenas 59 votos incluindo os nossos. Os nossos colegas patrocinados por um partido forte, distribuíram rebuçados e presentes que cativaram os votos dos incautos alunos que tempos antes os criticavam pela falta de ética. A política é suja, mas já foi inventada há muitos anos, temos que viver com ela!

Sem comentários: