VEJAM BEM

sábado, 13 de outubro de 2007

Sorrisos - Início das minhas crónicas - PARCELAS DE VIDA

Começo aqui o que já devia ter feito há anos; escrever ao fim do dia, não um diário mas o que a vida e propriamente o dia que finaliza me sugerem.
Tirando estes apontamentos, ou fazendo estas reflexões, ao fim de um certo, ou incerto tempo temos escarrapachada a diversidade daquilo a que chamamos quotidiano. Há quase sempre algo de novo nas nossas vidas, ainda que insignificante, mas nenhum dia é igual ao anterior. Hoje foi sepultado o Rei Hussein da Jordânia, um homem dito íntegro, um pacificador. Hoje dei um outro passo que deveria ter dado há mais tempo; legalizar o meu rádio da Banda do Cidadão e deixar de ser pirata, ou fora-da-lei. Hoje também reclamei direitos com um sorriso nos lábios ao mesmo tempo que insinuei a alguém que me lidera que é preciso saber liderar. O truque foi um sorriso nos lábios, fui ouvido, a reclamação foi atendida e o erro foi corrigido. O que não consegue fazer um sorriso! É uma autentica chave! Abre a porta do coração, da amizade, do trabalho, enfim, um sorriso é uma chave mestra. Tenho sempre um no porta-chaves e se por acaso faço uma expressão séria, os meus colegas de trabalho perguntam se estou doente. Já quase me sinto obrigado a mostrar os dentes, até pensei pintar uns dentes nos lábios para poder andar de boca fechada.
Tenho bastantes rugas no rosto para a minha idade e uma vez olhando o espelho sorri por algo que me passou no pensamento e aí reparei que as rugas estão exactamente onde a pele dobra quando sorrio. Sorrir faz rugas, boa dedução! Vamos ter as senhoras todas carrancudas só para não ganharem rugas. Será que as pessoas de rosto liso, com poucas rugas sorriem poucas vezes? Vou tomar mais atenção.
O sorriso é uma expressão tão verdadeira, tão pura, que quando nos é pedida, em seu lugar vai uma imitação muito rasca. Por exemplo, tirava um café na bomba de gasolina quando leio um letreiro que dizia: “Sorria, está a ser filmado”. No lugar do sorriso pedido, meti a língua de fora.
Quando estamos aborrecidos e nos pedem um sorriso, ou nos tentam alegrar, sai algo parecido mas muito forçado. Se alguém indesejado nos dirige uma piada, sai um gesto cínico e reprovador dos dotes humorísticos do iluminado juntamente com uma frase do género: “Que piada!”.
Um sorriso pode ser encantador, enganador, galanteador, pode até fazer-me escrever sem parar, mas hoje fico por aqui e com um sorriso me deito.

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